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A dor da perda

Não existem palavras, línguas, gestos ou mesmo pensamentos que possam expressar a dor da perda. Ela é tão profundamente dolorida e fere a alma com esmero desmedido, cortando lenta e dolorosamente com o lado cego da faca.
É fenomenal, incrivelmente, extraordinariamente, fatalmente e somente dor. E não cede, não acalma, não dá trégua. E a alma se contorce, revolve, chora, berra e geme em lamentos surdos, que tomam o corpo, que fazem cambalear e entontecer o espírito.A dor da perda não tem som, não tem voz, e invade o âmago do ser silenciosa e cruelmente fazendo doer e adoecer o corpo.Massacra a alma a tal ponto de tudo ao redor perder o sentido e o brilho da vida.Os olhos olham, mas não vêem, os ouvidos ouvem sem nada ouvir, os braços caem se sentir qualquer amparo, qualquer sussurro de compreensão, de entendimento. Somente o gosto do sangue da dor é percebido no fundo do coração que sangra, falece e se afunda no fundo da terra, do pó.Os sentidos perdem a razão de ser. Robotizamos o corpo e caminhamos, perdidos e anestesiados de lá pra cá, desnorteados, confundidos, atordoados e completamente perdidos de nós mesmos.Esquecidos de tudo e todos, menos da dor que rasga, dói e arranha o coração até o sangue jorrar em lágrimas profusas e gritos inaudíveis.Não existem palavras que definam a intensidade da dor da perda, nós perdemos a definição e a expressão do que sentimos. Havemos de nos resguardar da dor, de acordar e lutar para viver, mesmo a alma em soluços, mesmo que o espírito, anestesiado pela dor, perca a vontade de lutar e continuar a viver, havemos de nos resguardar da dor no alento dos braços do amor, que é o único que torna possível tudo, por ele e com ele suportar.

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